Observatório Político de Ouro Branco 2024
por Graci Marques*
Os dados preliminares, publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral, com os resultados das urnas de 2024, acendem uma luz para quem analisa os rumos da política e me despertaram para alguns detalhes. Para mim, os números dessas eleições municipais revelam um cenário complexo.
O que essas informações mostram é que, como vimos nas urnas, as mudanças no rumo na política da cidade é um desejo concreto dos eleitores, pois foram mais de 15 mil votos nos quatro candidatos que saíram em disputa contra o governo atual. O candidato do prefeito ficou em segundo, mas teve cerca de 31% do eleitorado.
Embora a participação dos eleitores tenha sido superior à média nacional, a expressiva quantidade de votos nulos, em branco e a abstenção significativa demonstram que há um sentimento de insatisfação entre os cidadãos com as opções apresentadas. Este descontentamento pode ser também um certo desinteresse no processo político, o que preocupa, pois participação é a chave para mudanças sociais e a construção de uma cidade que reflita os desejos da sua população.
Essa dualidade — alto comparecimento às urnas com a vontade de mudança e, ao mesmo tempo, com considerável rejeição às opções disponíveis — evidencia a necessidade de uma reflexão profunda sobre o cenário político local.
É imprescindível que líderes políticos, partidos e a sociedade civil busquem compreender as causas desse descontentamento e trabalhem para restabelecer a confiança dos eleitores. O novo prefeito e sua equipe têm, pela frente, a responsabilidade de pôr em prática seu Plano de Governo e trabalhar para ganhar a confiança dos moradores. Tarefa nada fácil quando se toma posse, garanto eu que estou desde 2005 nessa área.
A democracia se fortalece com a participação efetiva e consciente dos cidadãos e garantir que todos se sintam representados é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e para o progresso da cidade.
As eleições de 2024, em Ouro Branco, servem como um termômetro do sentimento político atual. Cabe agora aos atores políticos interpretarem esses sinais e atuarem para criar esse diálogo com a comunidade e uma conexão com o ourobranquense. Isso tudo, ainda, assegurando que a voz de cada cidadão seja ouvida e considerada na construção do futuro do município.
*Graci Marques é Consultora em Marketing Político e Planejamento Estratégico. Assessora de Comunicação Política desde 2005, já trabalhou na Câmara dos Deputados, ALMG e nos Ministérios da Saúde e da Justiça.
*As opiniões emitidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Alto Paraopeba.
