Observatório Político de Ouro Branco 2024
por Graci Marques*
Já parou para pensar o que faz um candidato perder votos e uma eleição? Me perguntaram por que Pablo Marçal fracassou em São Paulo e percebi que a campanha dele serve de exemplo para todo o universo político. E quero deixar claro que faço aqui uma abordagem analítica e crítica sem que esse espaço vire uma coluna pró ou contra o ex-candidato. Vou usá-lo apenas como objeto de estudo e personagem.
Vários fatores influenciam uma disputa e levam à derrota eleitoral, mas no caso do coach (já adianto), o calcanhar de Aquiles era bem claro: não existe candidato sem propostas concretas. Marçal mudou a forma de fazer campanha no digital e fez escola em 2024, por mais que tenha sido recheada de polêmicas. Ele dominou a estratégia na internet e, mesmo com as redes bloqueadas, sempre teve projeção. Não podemos negar que ele é um fenômeno: gerou mídia espontânea e sempre esteve presente na imprensa.
O candidato liderou o debate, pautou os órgão de comunicação e foi ampliando seus seguidores. E sua campanha vai ser estudada por muito tempo. Quem trabalha com Marketing Político não pode ignorar e nem torcer o nariz para sua estratégia, que fez ele decolar de 5% para 28% de votos, mesmo sem tempo de TV e rádio, o que ainda é importante na disputa brasileira. Afinal, quem não quer um candidato subindo nas pesquisas assim?
Só que este trabalho todo perdeu para o princípio básico de uma eleição: e os projetos, Mister M? Não é preciso seguir a cartilha da política tradicional para saber que as pessoas elegem quem apresenta soluções reais, concretas e que estejam em sintonia com seus desejos de melhorias.
Pablo Marçal parou nas estratégias de “coachismo” e autoajuda, insistindo na teoria da prosperidade, mas sem se aprofundar e detalhar seus projetos. Esqueceu de apresentar um plano de governo consistente e de se preparar para falar das suas propostas. A equipe estudou os adversários mas pecou na análise da cidade. Falar mal e atacar adversários faz parte, mas é apenas uma das táticas de campanha.
O que se aprende, depois desse capítulo, é que a ausência de um plano de governo claro, uma lista de projetos concretos e conhecer a cidade são fundamentais para uma campanha de sucesso. Esse é o diferencial que elege pessoas em todo lugar do planeta. E, se tivesse investido atenção em propostas, ações, programas e entendesse um pouco mais sobre o funcionamento da gestão pública, certamente, teria ido para o segundo turno.
Em resumo, o que quero dizer para os que tomam posse em 2025 é que o diálogo com o eleitor é uma ferramenta poderosa para ganhar visibilidade e projeção. As redes sociais aproximam o mandato da comunidade, mas nada faz tanta diferença quanto um trabalho que beneficie a cidade e que seja formado de ações e projetos pelo desenvolvimento local. Ou seja, um mandato só é reconhecido se existe trabalho sério e concreto. E que as pessoas estejam vendo.
*Graci Marques é especialista em Marketing Político e Planejamento Estratégico para mandatos. Assessora de Comunicação Política desde 2005, já trabalhou na Câmara dos Deputados, ALMG e nos Ministérios da Saúde e da Justiça.