Governo de Transição e articulação regional: um novo cenário para Ouro Branco?

Coluna Observatório Político

Por Graci Marques*

Sávio Fontes (Republicanos) iniciou a transição de Governo logo em outubro. E tem trabalhado, de dentro da prefeitura, no planejamento do novo mandato. Sávio Fontes tem conversado com os servidores, visitados as secretarias e órgãos municipais. E nos bastidores o que se conta é que ele tem estado in loco para entender o funcionamento de todos os setores. E observado as rotinas.

Os primeiros movimentos do novo prefeito eleito de Ouro Branco apontam para uma estratégia que merece destaque e atenção. Ele tem feito uma “Romaria” pelo Alto Paraopeba e investido em articulação regional, participando de reuniões com prefeitos eleitos das cidades vizinhas e demonstrado interesse em criar uma rede de cooperação entre municípios.

Nesta semana, esteve na Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paraopeba (AMALPA), onde destacou a importância do fortalecimento do associativismo. Em Belo Horizonte, participou do encontro com gestores da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (ACHMG). Já se encontrou com os prefeitos de Congonha e Lafaiete, reuniu com gestores da Gerdau e foi ao Congresso da Associação Mineira de Municípios (AMM). Em todos eles, tirou fotos com Prefeitos e mostrou que busca diálogo.

Essa movimentação tem um significado que vai além da boa vizinhança: é um passo importante para o desenvolvimento econômico e para a busca de soluções conjuntas para problemas comuns. E a movimentação para resgatar Ouro Branco como protagonista.

A lógica é simples, mas poderosa. Quando cidades atuam em conjunto, a capacidade de pleitear recursos estaduais e federais aumenta, a troca de boas práticas se intensifica e as soluções para problemas complexos, como saúde, saneamento e infraestrutura, ficam mais acessíveis. Os consórcios intermunicipais são exemplos disso. Se bem utilizados, eles podem baratear serviços e facilitar o acesso a recursos que, isoladamente, as cidades não conseguiriam.

Essa articulação também traz prestígio para Ouro Branco, pois projeta a cidade em um cenário de liderança regional. Para os investidores e agentes políticos, uma cidade articulada, com protagonismo em seu território, se torna uma porta de entrada para negócios, projetos de infraestrutura e novos investimentos. Fontes, que é um político técnico e do planejamento, ao buscar esse espaço, parece entender que, em tempos de disputa acirrada por recursos públicos, estar bem posicionado pode fazer toda a diferença.

E o novo Secretariado?

Mas se de um lado a gente vê articulação e movimentação, ainda não sabemos a composição do novo governo. Com menos de 20 dias para a posse, o novo prefeito tem adotado uma postura de contenção na formação de sua equipe de governo. Até agora, o único nome anunciado foi o da futura secretária de Educação.

Durante a campanha e em entrevistas, sempre frisou que a escolha do secretariado seria prioritariamente técnica. E que Saúde, Educação e Segurança Pública eram as pastas prioritárias. Mas já se vai mais de um mês do anúncio de Carla Morais e os outros nomes ainda não foram revelados.

Isso gera, para mim, duas possíveis interpretações. Por um lado, o critério técnico está guiando as escolhas, o que seria um movimento elogiável, mas, por outro, a demora pode indicar uma postura de espera pela diplomação oficial para evitar pressões e disputas por cargos.

Afinal, quem vai conduzir a máquina pública a partir de janeiro? Sávio está negociando as composições nos bastidores ou há dificuldade em encontrar gente disposta a encarar o serviço público?

Sei das dificuldades de se encaram uma administração: são infinitas horas de trabalho, com dedicação exclusiva, de segunda a segunda. Nem todo mundo quer a responsabilidade da gestão pública, a burocracia dos processos, a morosidade do sistema. E tudo isso com a possibilidade de enfrentar o descontentamento de toda a cidade, com a inevitável visibilidade do poder municipal.

O secretariado de um governo é, muitas vezes, a síntese de suas prioridades. Educação, pelo que se vê, será uma pasta central. Mas e as demais áreas? Quem estará à frente da Saúde, Cultura, Meio Ambiente e Fazenda? A pressão aumenta, já que o Secretariado e o Primeiro Escalão são a cara e a alma de um Governo.

A busca por uma equipe técnica, sem interferências políticas excessivas, é um caminho seguro, mas Fontes precisa equilibrar isso com a necessidade de diálogo com setores que darão suporte político à sua gestão. O desafio está no equilíbrio entre o técnico e o político, entre a eficiência e a governabilidade.

A posse se aproxima, o tempo é curto e as expectativas são grandes. Nos próximos capítulos dessa novela política, estaremos atentos. Aguardo a diplomação para conhecer os nomes que vão gerir Ouro Branco pelos próximos 4 anos e conhecer o perfil do governo que está por vir.

*Graci Marques é Mentora e Consultora em Marketing Político e Planejamento Estratégico. Assessora de Comunicação Política, desde 2004, já trabalhou na Câmara dos Deputados, ALMG e nos Ministérios da Saúde e da Justiça. E é colunista de Política do Jornal O Alto Paraopeba.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *