Por que você acredita em signos?

^{Este texto é o aprofundamento dos conceitos abordados no vídeo “Por que você acredita em astrologia”, publicado em meu canal de divulgação científica Um Pingo de Ciência. Assista ao vídeo aqui: https://www.youtube.com/shorts/Y88IeBk-Py4}

Você já se perguntou por que horóscopos, leituras de personalidade e até algumas terapias parecem descrevê-lo de maneira tão precisa? Esse fenômeno psicológico pode ser explicado pelo efeito Forer, também conhecido como falácia de validação pessoal ou efeito Barnum, identificado pelo psicólogo Bertram R. Forer (1914-2000) em 1948.

O efeito Forer acontece quando as pessoas interpretam descrições genéricas e ambíguas como se fossem exclusivas para elas. Para demonstrar isso, Forer realizou um experimento com seus alunos: ele pediu que respondessem a um teste de personalidade. Em seguida, entregou a todos o mesmo feedback genérico, composto de frases como “Você tem grande necessidade de ser apreciado pelos outros” ou “Às vezes, você tem dúvidas se tomou a decisão certa”. O resultado? Em média, os participantes avaliaram o feedback como 85% preciso para suas personalidades.

Essa ilusão de precisão ocorre porque as descrições ambíguas permitem que cada pessoa projete suas experiências e sentimentos nelas. Além disso, o desejo humano de encontrar sentido e validação pessoal contribui para a aceitação dessas informações como verdadeiras.

O efeito Forer também é conhecido como efeito Barnum em referência a P.T. Barnum (1810-1891), um famoso showman e empresário americano do século XIX, conhecido por utilizar declarações amplamente aplicáveis e generalistas para atrair públicos diversos aos seus espetáculos. Ele dominava a arte de fazer as pessoas se sentirem individualmente conectadas a experiências que, na realidade, eram projetadas para serem genéricas e agradáveis a todos​.

O efeito Forer ajuda a entender a popularidade de práticas como astrologia, grafologia, terapia de constelação familiar e até certos testes de personalidade amplamente criticados por psicólogos, como o controverso Myers-Briggs Type Indicator. Essas práticas não resistem a uma análise rigorosa do método científico, mas conquistam adeptos por meio de um truque psicológico poderoso: oferecer descrições amplas o suficiente para parecerem únicas.

A influência desse fenômeno vai além das pseudociências. Ele também é explorado em técnicas de marketing e vendas, onde empresas utilizam mensagens aparentemente personalizadas para conquistar a confiança dos consumidores. Um exemplo clássico são slogans como “Este produto foi feito pensando em você”.

Portanto, antes de confiar cegamente em um horóscopo ou em uma “análise profunda” de sua personalidade, é importante manter o pensamento crítico afiado. Pergunte-se: “Essas descrições poderiam se aplicar a qualquer pessoa?”. O efeito Forer nos lembra que, quando o assunto é nossa identidade, nossa mente pode ser facilmente enganada pelo desejo de se sentir único.