Observatório Político de Ouro Branco 2024
por Graci Marques*
À convite do IFMG, estive no debate com os candidatos a prefeito, representando o Jornal O Alto Paraopeba. Todos os concorrentes estavam presentes, acompanhados dos vices, exceto Dr. Sá Grise. A cordialidade entre os oponentes me surpreendeu: teve quem chamou o adversário de amigo. Ao contrário do que temos visto pelo Brasil, especialmente em São Paulo, foi um debate de ideias e projetos, sem animosidade.
Minha maior surpresa foi ver a grande maioria dos candidatos, tecendo críticas (mesmo que pontuais) à situação da cidade. Vi candidatos que acreditam que a cidade perdeu prestígio político, não tem planejamento estratégico nas ações, andou para trás em serviços de saúde e educação e que, mesmo tendo um alto faturamento, precisa mudar.
Ao contrário dos atuais embates políticos, onde ataques pessoais muitas vezes tomam o protagonismo, os candidatos mantiveram um tom de civilidade. Houve concordâncias pontuais sobre temas centrais, mas isso não impediu que, em outros momentos, os projetos apontassem caminhos distintos. Nem que houvessem duras e consistentes críticas à atual administração. Ficou claro que os candidatos trazem visões diferentes e querem ser uma boa escolha para os eleitores.
Ao acompanhar as falas de todos os cinco, ficou evidente que há uma diversidade de projetos e ideias para melhorar o futuro de Ouro Branco. Em comum, todos querem fazer mais pela cidade. Cada candidato apresentou suas propostas de maneira clara, permitindo à população entender qual a visão pessoal e a linha de trabalho. O debate abriu um espaço para que nós, cidadãos, analisássemos o que está em jogo, além de colocar em pauta temas que demandam atenção urgente.

Quem venceu o debate?
A pergunta que mais ouvi nessa semana após debate é: quem venceu a sabatina? Eu poderia incorrer no erro de eleger um vitorioso, mas prefiro apontar as singularidades de cada e os destaques pessoais. Assim, prefiro listar (na ordem definida pelo TSE) quais os pontos fortes de cada um deles.
Gilberto do Açougue assume o posto de oposição ao governo atual e promete uma gestão com participação popular nas decisões, demonstrando interesse em ouvir as pessoas e colocando a população no centro do seu governo. Leandro do Verdurão tem do seu lado a experiência como vereador. E, por ter o apoio do prefeito, seu maior trunfo é, pela proximidade com a administração, ser o único que tem conhecimento do cenário real da cidade hoje.
Perinho é um comerciante de destaque na cidade, sabe de gestão e finanças e conhece esse setor importante da cidade. E assumir a postura de candidato independente é uma boa vantagem. Sávio Fontes demonstra preparo para o cargo executivo, tem visão de governança e conhecimento técnico sobre gestão pública e questões administrativas. Zé Vicente da Saúde tem do seu lado a longa trajetória na gestão pública, familiaridade com os processos internos e conhecimento do funcionamento da máquina administrativa.
O que não consigo, neste momento, é afirmar quem venceu o debate. Seria injusto dizer isso, pois eu examinaria apenas o aspecto técnico, de personalidade política. E acho que seria superficial demais. A única análise que me atrevo a fazer é que, se não há pesquisa oficial publicada ainda, na cidade, é que há chances para todos.
Os prefeitáveis discutiram pautas, apresentaram suas ideias e mostraram caminhos distintos para o futuro de Ouro Branco. Assim, o verdadeiro vencedor foi Ouro Branco. Agora, cabe ao eleitor refletir sobre cada plano de governo e decidir, nas urnas, qual caminho deseja para Ouro Branco nos próximos anos. E quem representa melhor seus desejos.
Graci Marques é Consultora em Marketing Político e Planejamento Estratégico. Assessora de Comunicação Política desde 2005, já trabalhou na Câmara dos Deputados, ALMG e nos Ministérios da Saúde e da Justiça.
*As opiniões emitidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Alto Paraopeba. A ordem de citação dos candidatos cumpre as definições do TSE.