No mundo dos negócios, a jornada da mulher empreendedora é marcada por desafios que vão além da criação e gestão de empresas. É uma travessia complexa, que exige não apenas habilidades técnicas, mas também resiliência diante de barreiras que muitas vezes parecem intransponíveis. E, mesmo assim, todos os dias, mulheres ao redor do mundo têm se levantado e provado que é possível ir além.
Uma das primeiras barreiras que se destacam é a desigualdade de gênero. Não é novidade que, em diversos setores, especialmente no ambiente corporativo e de inovação, as mulheres enfrentam preconceitos silenciosos, muitas vezes sutis, mas profundamente enraizados. Segundo a International Finance Corporation (IFC), apenas 3% do capital de risco global vai para startups lideradas por mulheres. E, no Brasil, esse número é ainda menor. Essa disparidade não reflete a falta de capacidade das mulheres, mas sim uma estrutura de mercado que ainda se molda em padrões masculinos. Mesmo assim, exemplos de superação como o de Luiza Helena Trajano, fundadora do Magazine Luiza, nos lembram que é possível construir impérios com empatia e liderança firme.
Outro grande obstáculo que persiste é o financiamento. Conseguir recursos para empreender, seja por meio de crédito bancário ou investimento, ainda é um desafio monumental para muitas mulheres. A Pesquisa Global sobre Empreendedorismo Feminino (GEM) mostra que 48% das empreendedoras brasileiras enfrentam dificuldade em acessar crédito. Isso muitas vezes significa começar com o que se tem – o que, para muitas, é quase nada. Contudo, a trajetória da chef Helena Rizzo, que transformou o restaurante Maní em uma referência global, nos ensina que, com criatividade e dedicação, mesmo recursos limitados podem gerar algo extraordinário.
Além disso, a mulher empreendedora carrega a pesada responsabilidade de conciliar a vida profissional com as demandas familiares. De acordo com o IBGE, as mulheres brasileiras dedicam quase o dobro do tempo às tarefas domésticas em comparação com os homens, o que inevitavelmente limita o tempo disponível para os negócios. Esse foi o caso de muitas empreendedoras que, mesmo à frente de grandes empresas, precisaram aprender a delegar, a encontrar equilíbrio e, principalmente, a reconhecer que não é possível carregar o mundo sozinha.
E, quando falamos de apoio, a rede de contatos e mentorias é fundamental. A Rede Mulher Empreendedora tem sido um alicerce para milhares de mulheres que, ao se conectarem, encontram não só soluções práticas, mas também apoio emocional. O estudo da Endeavor Brasil reforça isso: mulheres que recebem mentorias têm 50% mais chances de crescerem com seus negócios nos primeiros cinco anos.
Mas não são só os números que falam. São as histórias. Histórias de mulheres que, com sua determinação, mudam a maneira como o mundo vê o sucesso. Camila Farani, uma das investidoras mais ativas do Brasil, poderia ter desistido frente ao ceticismo que encontrou no início de sua carreira. Mas, ao invés disso, transformou a G2 Capital em uma referência de investimento e inovação. E isso é o que o empreendedorismo feminino faz: ressignifica, reinventa, inova.
Por fim, a carga de trabalho excessiva é um ponto sensível. Muitas vezes, as mulheres assumem jornadas duplas – ou até triplas. Um estudo da Deloitte revela que 63% das empreendedoras sentem que precisam se provar mais do que seus pares masculinos. Essa pressão leva ao esgotamento, e o risco de burnout é constante. Contudo, o fato de que tantas mulheres estão superando essas barreiras é uma prova de sua força inabalável.
Ao olharmos para o futuro, o empreendedorismo feminino já não é uma exceção. Ele está remodelando o mercado, trazendo mais empatia, inovação e uma nova maneira de liderar. Histórias como as de Luiza Trajano, Helena Rizzo e Camila Farani nos mostram que, embora a jornada seja árdua, ela é possível – e, acima de tudo, necessária.
Cada uma dessas mulheres que enfrenta os desafios de empreender hoje está pavimentando o caminho para aquelas que virão amanhã. E essa é a beleza do empreendedorismo feminino: ele não só transforma a vida de quem empreende, mas de todos ao seu redor. Seja criando um novo produto, liderando uma equipe ou inspirando outras mulheres a acreditarem em si mesmas, a mulher empreendedora está, sem dúvida, moldando o futuro.