Outro dia, enquanto tomava um café na padaria, observei uma cena que me fez refletir. Um senhor tentava explicar à balconista que queria o pão um pouco mais moreninho, “bem passado,” ele disse. A moça, entre risos e simpatia, entregou exatamente o que ele queria – e ainda brincou: “Esse é pão de respeito, né?” Saíram dali, ele e o pão, conectados por algo muito maior do que uma compra.

Parece poesia, mas é estratégia. E veja como funciona: quantas vezes você voltou a um lugar, não pelo produto, mas pela sensação que teve ao estar lá? Um restaurante que te fez sentir em casa. Uma loja que entendeu suas dúvidas sem julgá-las. Uma marca que te arrancou um sorriso no meio da pressa.
Não era sobre o pão. Era sobre o olhar, a atenção, o sorriso. Sobre como as pequenas interações podem criar um espaço de conexão – uma ponte entre o querer e o dar, entre o oferecer e o receber.
No mundo dos negócios, muitas vezes nos perdemos entre números, metas e estratégias, e esquecemos que, no fundo, tudo é sobre gente. Pessoas que não querem apenas ser atendidas; elas querem ser compreendidas. Querem se sentir vistas. E como empreendedores, não é só sobre o que oferecemos, mas como nos fazemos presentes.
E como criar essa presença? A resposta não está em fórmulas prontas, mas em três movimentos simples e poderosos: entreter, informar e instigar.
Entreter, não para arrancar gargalhadas vazias, mas para criar momentos leves, que aliviem o peso do dia. Informar, não como quem despeja dados, mas como quem compartilha conhecimento de valor. E instigar, porque só provocando a curiosidade conseguimos acender uma fagulha que transforma um cliente em um parceiro.
Esse espaço de conexão é onde os negócios deixam de ser transações e se tornam experiências. Não é sobre o pão mais douradinho ou o desconto na hora certa. É sobre a forma como o empreendedor olha nos olhos e, com gestos, palavras ou silêncio, diz: “Eu entendo você.”
Então, deixo a reflexão: em meio à correria do dia a dia, como temos construído essas pontes? Será que estamos ouvindo nossos clientes ou apenas respondendo por hábito? Talvez o segredo não esteja em falar mais, mas em ouvir melhor. Quem sabe, no final, tudo seja uma questão de dar ao outro o espaço para ser – e, assim, realmente se conectar.