Hélio Campos: “não busco cargo, quero ajudar Ouro Branco e a região”

Entrevista Exclusiva do Jornal O Alto Paraopeba 

Antes de deixar o cargo, o prefeito Hélio Campos (PSDB), deu uma entrevista à jornalista Graci Marques e fez um balanço dos 08 anos de governo. Saiba como foi esse bate-papo virtual, que  durou cerca de meia hora e revelou um prefeito sereno, com saudades das atividades e que anunciou que segue na vida política da cidade. A conversa aconteceu na tarde desta segunda-feira (30/12).

por Graci Marques*

Hélio Campos (PSDB) conversou comigo do seu gabinete e após a última reunião de secretariado do mandato. Tranquilo e realizado, ele afirmou ter orgulho do trabalho, falou do legado, contou quais são os planos para o futuro e confirmou que vai seguir trabalhando por Ouro Branco.

Disse que, logo depois da saída do cargo, vai se dedicar aos netos e sair de férias após dedicação exclusiva por 8 anos à prefeitura. Seguirá morando na cidade e pretende seguir na vida política, mas sem planos traçados. Afirmou ser leitor da coluna e que vai continuar acompanhando a cidade.

Durante a entrevista, fez um balanço da gestão: citou obras e ações da gestão, mas aponta como grande orgulho, poder ajudar as pessoas e o trabalho feito em conjunto com sua equipe. Diz que já sente saudade da rotina e que o trabalho no Executivo nunca foi um fardo. E que nunca houve uma transição tranquila como essa.

Acompanhe como foi esse bate-papo.

  • Como estão sendo esses últimos dias qual a sensação de sair da prefeitura após dois mandatos consecutivos?

Saí agora da última reunião de secretariado e, é lógico, a gente fica com saudades, pois foram 8 anos de trabalho com uma equipe maravilhosa, que trabalhou muito pela cidade. Na Prefeitura, a gente não consegue fazer nada sozinho e, graças a essa equipe, conseguimos realizar muitas coisas. Fico muito feliz de deixar um bom legado e, mesmo que a gente tenha a tendência de falar de obras, tenho orgulho de dizer do legado que deixamos para as pessoas. Como a implantação do sistema de Governança para o setor público, que foi uma gestão diferenciada e que conseguimos implantar graças ao comprometimento dos nossos servidores, que abraçaram essa ideia e nos permitiu ter muita honestidade nas nossas ações e na Administração.

  • Como está a situação da Prefeitura hoje? Como você deixa o Executivo? Qual é o seu legado?

Hoje estou entregando uma prefeitura estruturada, não só do ponto de vista físico, com equipamentos modernos e de última tecnologia e um prédio estruturado. Mas deixando uma prefeitura com pessoas determinadas a continuar servindo da melhor maneira possível. Nós estamos entregando uma prefeitura saneada em todos os pontos de vista. Peguei uma prefeitura com cerca de 25% de dívida e entrego com 10% da receita bruta. Então não é uma dívida não administrável, pois quando assumi a arrecadação era bem menor. Isso tudo após passar pela pandemia, surto de febre amarela, dengue e por um descontrole do governo do Estado. 

E superamos isso através do planejamento estratégico, é um legado que eu deixo. Tudo foi definido no começo do ano, em conjunto com a equipe, baseado sempre na pesquisa da população e do nosso Plano de Governo e com análise de risco. Minha administração foi muito pautada nisso.

  • Quais ações e obras você tem orgulho de ter realizado?

São várias. O asfaltamento de 50 km de estradas rurais e como essas obras facilitam a vida dos agricultores. Também a reforma no Hospital, que era necessária desde 2010, e que ninguém teve coragem de fazer. Foi um desafio muito grande e tivemos que fechar a maternidade. A avenida do bairro Primeiro de Maio, que está quase pronta e pode ser concluída em uma semana. A instalação do Mercado Municipal, que está em fase de conclusão. A obra ficava em um terreno abandonado e pensamos em dar uso. Reativamos o Poliesportivo, que estava abandonado e agora tem atividades. Reabrimos e recuperamos a creche do Belvedere. E estamos fazendo uma grande creche para o Alto do Chalé, para 180 crianças nos dois turnos para atender o Jardim Panorama. A construção da UBS para o bairro Bandeirantes. 

Mas se for citar uma, a que mais me dá orgulho de ter sido feita é a do Jardim Panorama I e II, a construção de 176 apartamentos nos dois primeiros anos de governo, quando ninguém conseguia esse recurso. E ainda fizemos mais de 12 casas para atender aluguel social e a reestruturação pelo Morar Legal. Distribuímos mais de 1000 escrituras, olha o que isso significa para a vida das pessoas: isso é muito significativo e mexe com a vida das pessoas.

A Tarifa Zero foi magnífica, pois trouxe dignidade a quem não tinha condição de se mover pela cidade e deu acesso à população aos seus direitos civis, podendo ir ao CREAS, CRAS, etc. melhorou o comércio e ainda gerou mais empregos. A segurança também: Ouro Branco tem o menor índice de violência do Estado de Minas Gerais. Uma cidade que tem das maiores qualidades de vida e a segurança faz parte. Isso através da instalação da iluminação de LED, do Olho Vivo, iluminação de todas as passarelas e escolas. E ainda nossa Guarda Municipal, que possui 3 viaturas e 4 motos para auxiliar no trabalho. E toda administração minha, realizo uma restauração na Igreja Santo Antônio: isso é cultura!

Estou com saudades, mas estou feliz, pois houve entregas. Em vez de tapar buracos, fizemos recapeamento, como a João Catarina e a Avenida Santo Antônio, no centro. Teve coisas que não dei conta e peço desculpas, como a Praça de Eventos, pois as empresas que assumiram eram muito ruins e que não deram conta de entregar a obra. Fico devendo os portais, mas só falta instalar. Espero que o próximo prefeito dê continuidade às obras. 

  • Você é um político conhecido e que faz parte da história da cidade. E sempre esteve ligado à política da cidade. Você continua na política? Quais seus planos?

A política não foi um planejamento meu, ela chegou por acaso, quando era presidente da AEA e fui convidado pelo Fernando para assumir a vaga de vice-prefeito. Então foi uma coisa bem espontânea. E uma vez na política, a gente toma gosto em poder servir a população. E tenho isso comigo: poder fazer algo que mude a vida das pessoas é muito prazeroso. 

Como cidadão, sem ocupar cargo político, vou continuar fazendo o que eu puder para melhorar a vida da população. Eu fiquei 12 anos fora da política de Ouro Branco, mas participando ativamente da política do Estado e, em nenhum momento, eu esqueci de Ouro Branco e sempre trouxe recursos para as entidades da nossa cidade, como o projeto VemSer, a Comunidade Bom Pastor, a Asfa. Eu sempre tive uma ligação com a área social da nossa cidade e eu vou continuar fazendo isso. Eu não sei se ocupando algum carro no Estado ou mesmo com meu trabalho.

E tenho a felicidade também de dizer que, durante esses 8 anos,  praticamente fiquei 24 horas dedicado à prefeitura, por decisão minha. E talvez, por isso, eu tenha conseguido realizar tanto. pretendo ficar na cidade, não vou sair de Ouro Branco e espero poder encontrar com muitas pessoas na rua e poder ser da mesma forma com todos, como cidadão comum.

  • Quais seus planos na Política? Vai concorrer a algum cargo ou tem pretensões políticas? 

A gente procura ter oportunidades, né? Se tiver alguma oportunidade e que ela não prejudique a cidade, não vou me arriscar em uma candidatura sem condições de eleger, porque aí a gente pede representatividade. A nossa região aqui está pagando por isso: o Alto Paraopeba não tem mais deputados estadual e nem federal. As cidades ficaram órfãs de representatividade na Assembleia Legislativa e também no Congresso Nacional. E existe um olhar diferente quando você tem representações. 

Então, estou trabalhando com os prefeitos para eleger realmente candidatos da nossa região. Nós estamos conversando e meu nome está à disposição, mas tem que ser uma escolha dos prefeitos. Se meu nome estiver entre os escolhidos, vou me empenhar bastante e trabalhar pela cidade. Eu já fui candidato a deputado estadual e fiquei por pouco, na suplência, e meu filho também foi candidato. É preciso ter esse desapego. Eu não quero cargo, quero ficar em alguma função que eu possa ajudar a minha cidade e minha região. O que eu puder fazer, seja no cargo de deputado ou em outro lugar, vou trabalhar pra isso. 

  • Como foi a transição de governo?

Tenho experiência em transições, já vivi isso antes. Nunca houve uma transição tão tranquila como essa. Está sendo muito respeitosa, tanto da nossa equipe, quanto da turma do Sávio. Alguns secretários se mantém na cidade e outros vão assumir cargos em outras cidades. São dois meses de abertura total sobre tudo o que precisam saber para começar bem no dia 02/01 e não perder tempo para conhecer a cidade. E indica que possa haver uma continuidade do que está dando certo e Sávio já disse que nem tudo deve ser mexido. Claro que tem coisas, que se eu tivesse mais um mandato, eu melhoraria e acredito que ele deve melhorar. Não é possível fazer tudo. 

  • Quais são seus planos agora, logo depois de deixar o cargo?

Já sinto saudades de encontrar as pessoas, não do poder. Todo dia eu tinha muita vontade de vir para a prefeitura, não era um fardo para mim, era uma alegria. Nesses primeiros dias vou ficar com meu neto, que veio me visitar. Logo depois saio de viagem, para descansar um pouco. Estou na política desde 88 e sempre tive que cumprir as agendas e estar nos eventos. Não vi meus filhos crescerem e agora quero acompanhar pelo menos a vida dos meus netos. Depois desse descanso, continuo por aqui mesmo, em Ouro Branco. Boa parte do meu tempo devo ficar no meu escritório, na Estrada Real Empreendimentos, ali na Rua Santo Antônio. 

  • Qual seu recado para a população, nesse fim de mandato?

Quero agradecer à população de Ouro Branco por ter me dado essa oportunidade, nesses dois mandatos. Que, se não tivesse essa oportunidade, talvez eu não conseguiria realizar o que eu fiz para a cidade. Agradeço a confiança depositada em meu nome. E só tenho gratidão, é o que eu sinto hoje no meu coração. Gratidão mesmo, à Ouro Branco. E que a gente possa continuar a fazer  esse trabalho pela  cidade. 

*Graci Marques é especialista em Marketing Político e Planejamento Estratégico para mandatos. Assessora de Comunicação Política desde 2005, já trabalhou na Câmara dos Deputados, ALMG  e nos Ministérios da Saúde e da Justiça.

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