por Graci Marques*
Se você é pai de um adolescente ou tem um filho chegando a essa idade, precisa assistir a minissérie que alcançou o Top 10 Global do maior streaming do mundo, com mais de 96 milhões de visualizações desde a sua estreia, em 13 de março.
São apenas 4 capítulos, mas o suficiente para disparar um alerta sobre a relação dessa nova geração com a internet e como ela lida com as questões sociais em um mundo conectado e ao mesmo tempo tão distante dos pais.
O enredo gira em torno de Jamie que, com apenas 13 anos, é surpreendentemente preso e enfrenta uma grave acusação. Nos quatro episódios, descobrimos todos os ângulos de uma realidade complexa e cheia do sofrimento típico desta idade, onde se começa a descobrir o mundo, o amor, a amizade e cada um forma sua personalidade.
Tudo seria igual ao que já vivemos se a internet e o mundo digital não fizessem parte dessa nova realidade. “Adolescência” é um retrato fiel do sofrimento que nossos jovens precisam encarar: bullying, padrões impossíveis, violência escolar, a rapidez da informação e das interações digitais, a superficialidade das coisas e a solidão em uma rede sem limites.
A minissérie retrata essa geração que tem acesso constante à tecnologia e, ao mesmo tempo, uma imensa dificuldade de lidar com frustrações e não sabe enfrentar críticas. Feita em longos planos sequências, em cenas que duram mais tempo que o costume, a minissérie tem personagens que expressam mais do que falam.

Uma narrativa tensa, que foi produzida para incomodar o espectador. Tudo parece correr devagar, sem muita lógica e com um silêncio frio dos adolescentes, que representa essa ausência de vida no real, mas cheio de ação no computador. A vida desses jovens é nas redes sociais, nos celulares. A escola é apenas mais um espaço de existência.
O título da Netflix toca por abordar temas contemporâneos tão importantes e grita como um alerta: nela, adultos se surpreendem com os códigos desses alunos, redes sociais desconhecidas e a criatividade dessa geração para burlar pais, educadores e as próprias plataformas, recriando todo um significado para emojis e palavras. É como se a gente desconhecesse esse planeta em que eles vivem.
Os códigos dessa juventude parecem indecifráveis e apenas um adolescente pode mostrar o seu real significado. Não quero dar spoilers, mas existem realidades e termos desconhecidos para muitos: incel, machosfera, Discord, alpha, celibato involuntário e muitas outras. Conhece alguma?
A produção explora temas como culpa, trauma e os desafios da adolescência, em uma narrativa envolvente. O que se vê é uma geração cheia de ódio, completamente solitária, com inteligência inacreditável, mas que nem sempre é capaz de viver socialmente.
De forma profunda e sensível, também explora as complexidades das relações familiares e como um núcleo lida com as crises. A série abre o debate sobre a necessidade de supervisão dos pais sobre o uso das tecnologias pelos adolescentes e os desafios da educação nessa era digital. Os adultos precisam se educar tecnologicamente para entender esse novo mundo e como seus filhos lidam com ele.
Assista ainda hoje, se possível, com seu filho. E discuta esse novo mundo. Lembre como a adolescência era uma época tão angustiante para nós, mas cheia de descobertas. Imagina isso hoje, com a internet, onde é possível encontrar pessoas que sentem e acreditam nas mesmas coisas que nós. E esse também pode ser o abismo que a criança se joga.
Se eu puder dar uma dica é: Cuide bem de quem está perto e seja amigo do seu filho!
Assista o trailer oficial de Adolescência, da Netflix:
*Graci Marques é Jornalista, especialista em Marketing Político e Planejamento Estratégico para mandatos. Assessora de Comunicação Política desde 2004, mas uma cinéfila de carteirinha que ama passar o tempo livre vendo filmes e séries.
*As opiniões emitidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Alto Paraopeba.