Mês da Consciência negra – Benedita da Silva: da favela ao Senado, a voz que transformou resistência em política

Homenagem no Mês da Consciência Negra fala sobre a primeira senadora negra, que  simboliza a luta por direitos e representatividade

Nascida em 26 de abril de 1942, no Rio de Janeiro, Benedita da Silva construiu uma história que se confunde com a própria luta do povo negro e das mulheres brasileiras. Filha de lavadeira e de pedreiro, cresceu na favela do Chapéu-Mangueira e aprendeu desde cedo o peso das desigualdades sociais e o valor da solidariedade.

Com o tempo, descobriu na militância comunitária o caminho para transformar a própria realidade e a de muitos outros. Entre tantas pautas, foi a responsável por garantir direitos trabalhistas e regularizar a profissão de empregada doméstica.

Das favelas ao Senado

Benedita iniciou sua trajetória política na década de 1970, em plena ditadura. Organizava mulheres do morro para reivindicar melhores condições de vida, enfrentando a violência e o descaso com as favelas. Em 1976, foi eleita presidente do Departamento Feminino da Associação de Moradores do Chapéu-Mangueira e, mais tarde, da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro. A luta por moradia, igualdade e dignidade foi o caminho que a levaria às eleições.

Em 1982, filiada ao Partido dos Trabalhadores, foi candidata a vereadora com slogan  “Negra, mulher e favelada.” A vitória foi simbólica. Na Câmara, transformou sua vivência em voz política. Quatro anos depois, foi eleita deputada federal constituinte, participando ativamente da redação da nova Constituição de 1988 e defendendo os direitos das populações negras, indígenas e das minorias sociais.

Primeira senadora negra do Brasil

Em 1994, Benedita da Silva entrou para a história ao se tornar a primeira senadora negra do país, eleita com mais de dois milhões de votos. Sua trajetória seguiu marcada pela defesa das causas sociais e pela coragem de enfrentar o racismo e o machismo nas esferas de poder.

Foi autora de projetos fundamentais, como a inclusão de Zumbi dos Palmares no Panteão da Pátria, a criação do Dia Nacional da Consciência Negra e propostas de políticas afirmativas que abriram caminho para a presença negra em universidades e meios de comunicação.

Também foi vice-governadora e governadora do Rio de Janeiro, reafirmando seu compromisso com a justiça social e com os direitos das mulheres trabalhadoras.

Luta viva e inspiradora

Hoje, segue no Congresso Nacional como deputada federal, pelo Rio de Janeiro, mantendo viva a convicção que a levou da favela ao Senado: que a política é instrumento de transformação.

Mulher negra, cristã, feminista e ativista, Benedita representa a resistência e a esperança de gerações que acreditam em um país mais justo e igualitário.

Neste Mês da Consciência Negra, sua trajetória é um lembrete de que ocupar espaços de poder é um ato necessário e essencial para a luta pela igualdade e o combate ao racismo.

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